O que você precisa conhecer sobre o turismo em Gonçalves - MG
Gonçalves é um destino rústico, rural e repleto de atrativos naturais, oferece aos visitantes uma verdadeira viagem no tempo. Neste artigo você terá uma amostra de Gonçalves, vai conhecer histórias, culturas e atividades turísticas. O suficiente para você planejar seus dias na Mantiqueira.

Pedra da Forno (esquerda) e um macho de tangará (direita), duas jóias de Gonçalves-MG.
A Pérola Da Mantiqueira
Essa cidade mineira tem pouco mais de 180km².
Isto representa 4 vezes o tamanho do Vaticano e se lá as pessoas passam 3 ou 4 dias para visitar museus e capelas, em Gonçalves seria necessário passar alguns anos para conhecer cada cantinho rural e secreto que há por aqui, mas ao ler este texto você vai economizar tempo de pesquisa e terá opções de roteiros para voltar sempre que desejar. Para você curtir Gonçalves como um morador local.
A história de Gonçalves - MG

Capa do livro de Oiliam José
Apesar da maioria das escrituras sobre Gonçalves revelarem apenas origem portuguesa, no livro Indígenas de Minas Gerais, Oiliam José (1965) relata que entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, havia os Purimirins, já no Vale do Paraíba viviam os Tamoios que subiram a Mantiqueira e adentraram para o que hoje conhecemos como Minas Gerais, entretanto, ao longo do Rio Sapucaí, moravam os Cataguás.
É provável que os primeiros moradores de Gonçalves tivessem algumas destas raízes, posteriormente mescladas com escravos africanos e colonizadores europeus que vieram de Portugal, França, Alemanha e Itália.
Essa região recebeu o nome de Gonçalves para homenagear os “primeiros” colonos da Fazenda Rio Manso (1897), onde hoje encontra-se a atual Igreja Matriz. A família era composta pelos irmãos Gonçalves (Maria, Mariana e Antônio).

Igreja matriz (2024)
Durante anos a região foi conhecida por Distrito da Paz e pertencia a Paraisópolis.
Somente em 1º de março de 1963 foi elevado a município de Gonçalves. Naquela época, ganhar a vida por aqui exigia muita dedicação braçal, os casais tinham muitos filhos que eram a mão de obra para ajudar na “lavoura”.
No bairro dos Venâncios (por exemplo) havia plantação de feijão, milho e batata, além da produção de leite e queijos. O meu avô acordava todo dia antes do sol nascer para buscar as vacas no pasto e “tirar leite”, ele entregava uma parte ao leiteiro e outra ficava com a família. Ao concluir essa rotina, pegava o caminho da roça até a Serra da Balança, lá a lida era com cenoura.

Tonho Venâncio em seu cavalo

Serra da Balança - face mineira (2019)
Minha mãe (a Lia) conta que ela saía cedinho para trabalhar na Serra da Balança e escutava diferentes passarinhos, como o “tem-onça”, o “bom-dia-seu-chico”, a “legiti” e a “nega-mina” nomes regionais que fazem referências ao sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), tico-tico (Zonotrichia capensis), a pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro) e o chupim (Molothrus bonariensis).








Os olhos da mãe reluzem ao avistar essas aves, ela diz que os passarinhos alegravam o caminho da roça - “até esquecia os problemas e dificuldades” - acho que alegra até hoje. Interessante como as aves têm tamanha capacidade terapêutica e deixam a vida mais leve e divertida.
Inclusive, este percurso que era feito pela família Venâncio na década de 60 pode ser feito hoje sob o nosso acompanhamento com a prática da observação de aves (aperte o botão para saber todos os detalhes).
A economia girava por causa da agricultura familiar e o turismo que existia era por conta dos familiares que decidiram arriscar a vida nas cidades e voltavam em feriados ou finais de semana para visitar a família na terra natal.
Os antigos casarões estão espalhados desde o centro da cidade até os bairros mais distantes.
As primeiras pousadas e restaurantes surgiram somente entre 1990 e 2000. O que atraiu turistas foi justamente a simplicidade, hospitalidade, somado a natureza serrana, belas paisagens, tranquilidade, baixas temperaturas e a arquitetura rural.

Casa do Antônio e Alzira Venâncio em 2007
Há casas de pau-a-pique, fazendas e capelas tombadas como patrimônios históricos (desde 2006) e estão dispersas pelos diversos bairros rurais.
A cidade de Gonçalves
O centro urbano tem duas ruas principais, a distância em linha reta de norte a sul, resulta em menos de 600 metros (veja o mapa da área central).
Se tudo é tão pertinho, aproveite sem pressa!
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Mapa do Centro de Gonçalves (Google Earth, 2025).
Aqui existe um ritmo próprio, apenas a padaria São Francisco abre às 6:00 horas, os demais comércios, inclusive as quitandas funcionam de segunda a sexta entre 09 e 18 horas. Aos sábados todos os comércios fecham mais cedo e alguns nem abrem.
Você encontrará bons restaurantes, ateliês, empórios, cafés e atualmente até cinema. Para conhecer cada um recomendo estacionar em qualquer rua e seguir a pé para contemplar as artes expressas nos muros e as esculturas em madeira.

Muros retratam tradições (2025)
O “beco da roça” é uma passagem obrigatória aos turistas, aproveite a calmaria da cidade para sentir a sensação de paz ao sentar numa praça arborizada, onde é possível ver e ouvir aves endêmicas da mata atlântica.
Gonçalves é a cidade ideal para você ter uma introdução à prática da observação de aves na
Serra da Mantiqueira.
Você pode aprimorar os sentidos e compreender porque a maioria das pessoas não conseguem perceber as aves à sua volta.

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A opção Birdwatching em Gonçalves é recomendada para qualquer pessoa que consiga caminhar por 3km, inclusive idosos. Nosso receptivo local cuida de cada detalhe para quem deseja começar a passarinhar, saiba mais sobre este roteiro no botão abaixo.
O que há nos bairros de Gonçalves - MG
Um dos mais famosos é o bairro São Sebastião das Três Orelhas. A pequena vila, distante apenas 5 km do centro, oferece ponto de apoio às comunidades locais, têm até mercadinho aberto todo santo dia com padaria própria.

O bairro São Sebastião das Três Orelhas é estratégico para aventureiros.
Ideal para quem deseja se hospedar num vilarejo, perto de restaurantes, trilhas e até cervejaria, o bairro está a 6 km da Pedra do Forno, 4 km da Pedra do Barnabé e 4 km da Pedra Chanfrada, que são afloramentos rochosos imponentes responsáveis pelo nome “Três Orelhas”.
Vista do vilarejo São Sebastião das Três Orelhas
Para chegar em qualquer destas opções, recomendo ir de carro para depois encarar as trilhas.
Sobre as três Pedras, é bom saber que a Floresta Barnabé atende apenas aos finais de semana e existe uma taxa de manutenção da trilha.
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São Sebastião em relação as três pedras (Google Earth, 2025)
Já a Pedra Chanfrada, tem o restaurante “ao pé da pedra” com comida tradicional da roça que funciona aos finais de semana e feriados. A trilha até o topo da Chanfrada é praticamente uma aula de engenharia florestal, pelas questões geológicas específicas e a produção de madeira de pinheiros exóticos do gênero Pinus.
A Pedra do Forno

A mais requisitada é a Pedra do Forno, excelente para quem busca caminhar por floresta nativa e densa.
A subida é desafiadora, o topo oferece uma vista panorâmica de 360° da Mantiqueira, mas a pérola está na trilha. Ao caminhar lento, a beleza é revelada a cada trecho, o que solicita de nós maior contemplação durante a experiência.
Claro que para desfrutar deste passeio de uma forma tão singular, é preciso aprimorar seus sentidos. Penetrar seu olhar e escutar para além do caminho. Por isso, a observação de aves nesta serra transforma a maneira como a percebemos.
Caminhar por caminhar, você pode fazer em qualquer lugar, a floresta do forno é um convite a desacelerar através da Observação de Aves.
Se você quer saber mais sobre a atividade na Pedra do Forno e como podemos avistar diferentes espécies durante a caminhada, visite a página deste roteiro
Ambas as Pedras (Forno e Chanfrada) estão no bairro da Terra Fria, que possui ótimas estradas para quem curte caminhar ou pedalar. As subidas são íngremes e em algumas o terreno é acidentado, o que torna estes percursos verdadeiros desafios para quem gosta de aventuras.
Aproveito pra dar uma dica às pessoas que buscam chegar nos lugares sempre de carro.
Evite sair da estrada principal na época das chuvas (outubro a março) caso você não conheça os caminhos, afinal, as estradas ficam lisas e quem não está acostumado a dirigir com barro pode se colocar em risco e sem sinal de internet ou telefone.
Tem muitos outros bairros que reservam atrativos e culturas tradicionais, mas como este artigo está ficando mais extenso do que imaginava, vou encerrar com um bairro bem especial.
Campestre
Este nome reflete o tipo de vegetação dominante no passado, os Campos Naturais de Altitude, infelizmente quase extintos, só sabemos pelas pistas escondidas e resistentes, até próximo às estradas e trilhas há espécies de plantas que indicam este passado.
Entretanto, a batalha que aconteceu nesta região foi verde. As florestas de araucárias expandiram-se para as áreas dos campos e tal processo ocorreu em resposta às variações climáticas. Claro que isto não acontece em dias e nem em anos, mas em décadas.
Hoje, quase não há campos por aqui, mas você pode conhecer as Florestas com Araucárias e os brejos de altitude nas serras do bairro Campestre.
Aliás, estas são as mais frias e altas da região, inclusive o ponto culminante está aqui, é a famosa Pedra Bonita (ou Pedra Campestre).
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Musgos Polytrichum dominavam os campos naturais
Com seus 2.100m de altitude (mais alta que a Pedra do Baú) a Pedra Bonita
(ou Pedra Campestre) divide os municípios mineiros de Gonçalves e Sapucaí-Mirim.












A Pedra Bonita é Patrimônio Tombado e Registrado na Prefeitura (SN 06), um bem público, justamente por seu valor natural e mesmo assim, o acesso está bloqueado por proprietários e enquanto este cenário continua sem gerenciamento de conflitos, é melhor evitar fazer a trilha.
A boa notícia é que tem outra forma de conhecer a essência do Campestre, também com caminhada, observação de espécies raras da Mata Atlântica e muita paisagem.
Se este tipo de experiência é algo que você tem interesse, podemos agendar um passeio para você apreciar o nascer do sol em um dos lugares mais requisitados da região para contemplar este fenômeno.




A partir do mirante iniciamos nossa caminhada para o Campestre com o propósito de avistar as aves mais raras da Mantiqueira, saiba todas as informações sobre o roteiro Raridades na Mata Atlântica no botão abaixo.
Espero que sua viagem seja excelente e se quiser saber mais sobre os roteiros para observar aves na Serra da Mantiqueira, veja nosso site.
por Rita de Cássia Sousa
cresci entre duas "selvas", hora nos Venâncios ou em São Paulo. Gostava mais da roça, tinha liberdade de correr pelos pastos e brincar a vontade. Na cidade tudo era perigoso, então, os livros foram meus grandes companheiros.
Essa mistura me levou a estudar biologia e hoje tenho a oportunidade de conhecer Gonçalves através da biodiversidade, conviver com a natureza e trabalhar como guia de observação de aves.

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